A fotografia congela momentos que nos ficaram vivos na memoria até uma certa etapa da vida, a memoria vai ignorando toda a sua relação com as pessoas e coisas ali emolduradas na lembrança...em uma viagem no virar de uma curva você é surpreendido por imagens hora tão esprendorosamente bucólicas, a perfeição em cinco centímetros encrustrada em meio a rochas, e de repente já não é mais isso mas uma senhora sentada na porta de sua casa com um olhar que refleti outro tempo, um outro ser humano, todo expresso em suas roupas indiferentes a qualquer conceito, moda, sua tendência e única e exclusivamente ser ela mesma, mais este tipo de imagem só nos passa aos olhos que a cada centímetro de rua, avenida e estrada é preenchido por imagens, cenas que se sucedem com todo desprendimento, mais algumas de uma maneira ao adentrarem nossa cachola ficam por lá, nos ampliando internamente a visão.
E deixo em linhas abaixo o exemplo destas imagens que nos ficam retidas alem da retina....
" Eu fui homem , eu fui teto , panos de se cobrir o corpo enxugar os pratos, borracha, plástico o couro que me cobrem os pés.
Fui criança , medo do escuro, do homem do saco a me inibir as ações, sons ,gargalhadas, baixinho,carinho ao pé do ouvido, sirene, o choro de dor de cada um um o berrar do não, não! não ! não !! não faz isso, não pode agora não.
Eu homem orgulhoso de olhar malicioso braços irredutíveis antecipando me a rijeza da morte, eu vejo o medo em seus gestos expancivos o meu riso é uma cerca de arames farpados , cicatrizes , manchas de molho de tomate e esperma, nos admiramos pela capacidade sua, nossa de mantermos a fantasia sem musica alguma de fundo, somos neutros, buscamos com os olhos a primeira fila trocamos boas risadas comemos pipocas.
Eu fui atropelado certa vez e inúmeras apedrejei até de olhos fechados, como um santo tetraplegico, casa, mansão, quarto alugado, barracão sem reboco um de três lugares embaixo do viaduto em qualquer lugar carros, vejo mesmo sem querer,as vezes enchergo, apetrechos tecnológicas já estão ultrapaçados pela manhã.
E da kombi sete quatro sentado de passageiro ao lado de meu pai que descia a ladeira eu vi um quadro, o cão estropiado acabara de ser atropelado, meia roda insensível passou sobre sua pata sarnenta, uivo grito de dor ressonavam em tipanos passivos, e ele la puta merda olha o cachorro agoniado, faminto, pessoas a sua volta sorrindo ?! sorriam elas... coitadas, e o animal esqualido no chão se contorcia de dor ao som de um funk no talo e escroto.
E o quadro passou, a rotatoria se anunciava a frente já era outro que não vi, pois eu imaginei tanto a sua dor que terminei por sentila eu fui cão ."