Neste Aterro virtual, despejo minhas impressões deste mundo insólito. Avisem aos catadores, pois eles sabem que em meio a entulhos e monturos sempre se tira algo que preste. Vou tentar descarregar aqui, de maneira irrestrita o conteúdo de minha cabeça, cachola, que esta sempre a transbordar.

Warlen Dimas

sexta-feira, 15 de abril de 2011

RUA DOS IPES, CAMINHO DOS AUSENTES

Este aterro, esta caçamba cachola sempre tão a transbordar de "coisas" carrega em si entulhos de lembranças antigas que se reciclam por si só,vindo a tona ou não independendentimente a minha  vontade...

Talvez se abrir agora o dicionário esteja lá escrito dentro das definições de " envelhecer" o passar por uma rua escolhida assim ao acaso..." Não, hoje eu vou quebrar a rotina, vou por aqui ". E ao dar os dois primeiros passos por ela, pronto!...toda uma carga emocional penetra-lhe as solas do calçado e este conforto criado e aperfeiçoado a cada estação o que por consequencia afasta-nos também o dialogo primitivo entre terra e epiderme, mas vá lá ,não venho aqui tratar destes rompimentos entre nós e o planeta, não hoje, por agora me esforço em transcrever somente estas sensações...
Aquela rua, ai aquele trecho comprido e estreito como as artérias que nos conduzem a vida, estava mudado, ele é e não era mais o mesmo,nem eu que distante  cruzava por obrigações que vão surgindo e tomando forma e espaço condusindo-nos por outras ruas destinos, avenidas, mudamos os dois, e eu ali caminhava devagar detendo os olhos no que já não existia fisicamente como o armarinho da dona Cleide, parada certa na saída da escola, cem metros a frente já não morava mais na casa que ainda era azul aquela menina que habitou os sonhos de todo uma sala de aula, como era mesmo o seu nome??...se foram casas, pessoas queridas, ele esse operário incansavel da vida a quem chamamos por  TEMPO, levanos tudo operando os seus imprevisiveis designos , transformando a tudo e a todos, eu cruzava aquela rua ou melhor, meu corpo orgânico cumpria as ordens de nunca deixar que depois de um passo falte outro e outro...eu, eu mesmo não me encontrava ali, mas no mínimo a sete anos atrás por dias mais espontâneos e ate mesmo alegres onde as preocupações eram outras...não sei se estou usando a palavra certa " Pré-ocupação " talvez seja como se diz : " Pesado" demais...nos vivíamos um dia após o outro e fazíamos o que nos acostumaram aos berros a fazer..." Warlen !! já são sete horas, levanta!!!...." Na verdade minha mãe sempre adiantava em uma hora o compromisso que nos cabia cumprir, cuidados de mãe que hoje entendo muito bem , mas que me fizeram saltar da cama tantas vezes e banho até frio tomei para logo em seguida o locutor da radio anunciar : " As lojas Lua de Mel informam a hora certa na capital mineira, seis horas!!...Seis horas!! Oh ! mãe!!...".
Mais depois de uma rua vem sempre outra seja dobrando-se a esquerda ou a direita, as vezes avenidas, vias expressas, viadutos, passarelas...e  sem perceber já estava a mais ou menos dez minutos distante da rua que me fez escrever este texto, voltava a mim, a carcaça orgânica aos poucos, já bem próximo de casa...
_ Tudo bem Warlen ?!...Senti em sua pergunta uma preocupação sincera o que por sua vez por contagio me preocupou...
_Tudo bem sim !!...
_Eu passei por você outro dia cara ti cumprimentei mas você estava com um olhar tão distante,uma cara engraçada, parecia que ce tava rindo sei lá !...
_Ah!! foi a uns três dias né?! lá na rua dos Ipés?!... tem dia que eu to meio voado mesmo....".