Pra si entender nosso tempo...E antes de depositarmos nossas esperanças nas mãos da classe dominante...
Dialética era na Grécia antiga, a arte do dialogo. Aos poucos,passou a ser a arte de no dialogo,demonstrar uma tese por meio de uma argumentação capaz de definir e distinguir claramente os conceitos envolvidos na discussão.
Aristóteles considerava Zenon de Eléa ( aprox.490-430 a.c.) o fundador da dialética.Outros consideravam SÓCRATES (469-399 a.c.).Numa discussão sobre a função da filosofia(que estava sendo caraterizada como uma atividade inútil) Sócrates desafiou os generais Lachas e Nicias a definirem o que era a bravura e o politico Caliclés a definir o que era a politica e a justiça,para demonstrar a eles que só a filosofia-por meio da dialética - podia lhes proporcionar os instrumentos indispensáveis para entenderem a essência daquilo que faziam,das atividades profissionais a que se dedicavam.
N a acepção moderna,entretanto,dialética significa outra coisa: é o modo de pensarmos as contradições da realidade,o modo de compreendermos a realidade como essencialmente contraditória e em permanente transformação.
No sentido moderno da palavra,o pensador dialético mais radical da Grécia antiga foi,sem dúvida,Heráclito de Éfeso(aprox.540-480 a.c).Nos fragmentos deixados por Heráclito,pode-se ler que tudo existe em constante mudança,que o conflito é o pai e o rei de todas as coisas. Lê-se também que vida ou morte,sono ou vigília,juventude ou velhice são realidades que se transformam umas nas outras.O fragmento n 91,em especial,tornou-se famoso: nele se lê que um homem não toma banho duas vezes no mesmo rio.Por quê? Porque da segunda vez não será o mesmo homem e nem estará se banhando no mesmo rio(ambos terão mudado).
Os GREGOS acharam essa concepção de Heráclito muito abstrata,muito unilateral.Chamaram o filosofo de Heráclito,o Obscuro.Havia certa perplexidade em relação ao problema do movimento,da mudança.O que é que explicava que os seres se transformassem,que eles deixassem de ser aquilo que eram e passassem a ser algo que não eram? Heráclito respondia a essa pergunta de maneira muito perturbadora,negando a existência de qualquer estabilidade no ser.Os gregos preferiram a resposta que era dada por um outro pensador da mesma época: Parmênides.
Parmênides ensinava que a essência profunda do ser era imutável e dizia que o movimento e dizia que o movimento( a mudança) era um fenômeno de superfície.
Essa linha de pensamento-que podemos chamar de metafísica-acabou prevalecendo sobre a dialética de Heráclito.
A meta física não impediu que se desenvolvesse o conhecimento cientifico dos aspectos mais estáveis da realidade(embora dificultasse bastante o aprofundamento do conhecimento cientifico dos aspectos mais dinâmicos e mais instáveis da realidade) .
De maneira geral,independentemente das intenções dos filósofos,a concepção metafisica prevaleceu,ao longo da história, porque correspondia,nas sociedades divididas em classes,aos interesses das classes dominantes,sempre preocupadas em organizar duradouramente o que já está funcionado,sempre interessadas em "amarrar" bem tanto os valores e conceitos como as instituições existentes,para impedir que os homens cedam a tentações de querer mudar o regime social vigente...
A CONCEPÇÃO DIALÉTICA foi reprimida,históricamente: foi empurrada para posições secundarias,condenada a exercer uma influencia limitada.....
Espero com esta "introdução" clarear um pouco os olhos desses que por aqui passarem de leve de muito...e que antes de depositarem suas esperanças nos Patrusis e cuscuz da vida reflitam históricamente sobre o presente...
W.Dimas Marques.
( Fonte:Oque é dialética de Leandro Konder)